sábado

Trabalhadores de obra do Maracanã dizem não receber valor integral do salário

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Segundo eles, foi feita "vaquinha" para ajudar empregado com mulher em tratamento
Felipe de Oliveira, do R7
Divulgação
Funcionários se reuniram na manhã desta sexta-feira (2) e definiram continuar em greve
Durante reunião na manhã desta sexta-feira (2) no Sindicato das Construtoras da Indústria Pesada, no centro do Rio do Janeiro, uma comissão que representa os trabalhadores das obras do estádio do Maracanã revelou que manifestantes não estão recebendo o valor do salário informado no contracheque. Segundo Flávio Araújo, um dos líderes da comissão que representa os grevistas, muitos funcionários estão recebendo menos do que o valor líquido informado no holerite.
- A situação está ficando crítica. Além de não estarem pagando o valor do salário-base, que é determinado pelo sindicato, o contracheque está vindo com um valor líquido e quando depositam colocam um valor menor. Isso não é possível, onde está esse dinheiro?
De acordo com o operário Rafael Brau, a diferença de valores chegaria a até R$ 300, após desconto dos impostos. O salário-base na obra é de R$ 1.180, valor que pode aumentar conforme hora extra e adicional noturno, por exemplo.
Tanto o sindicato quanto a comissão que fez a denúncia não souberam estimar quantos trabalhadores enfrentam o problema na obra, que emprega cerca de 2.300 pessoas. O Consórcio Maracanã Rio 2014, responsável pela obra, afirma que a acusação não procede e que os valores que aparecem nos contracheques são pagos aos funcionários.
Por estarem recebendo menos do que esperado, muitos estariam tendo que pegar empréstimos para pagar as contas.
- No meu contracheque diz que eu vou ganhar um valor, me planejo para receber isso e quando depositam vejo um valor menor. Aí tenho que pegar um empréstimo para pagar as contas e fico me endividando ainda mais.
Outra dificuldade relatada por Brau é a falta de um plano de saúde. Ele disse que teve que ameaçar processar o consócio para conseguir os medicamentos para o funcionário que se feriu no último mês.

- Eles pararam de dar o remédio para o rapaz e ele estava tendo que comprar. É caro e ele ganha muito pouco, isso é um absurdo. Entramos em contato com o responsável pela obra e falamos que iríamos processar a empresa. Logo após isso, voltaram a ajudar. Os funcionários também afirmaram que no último mês tiveram que fazer uma "vaquinha" para ajudar no tratamento da esposa de outro funcionário que não estava recebendo todo o salário. Segundo Sérgio Basílio, que é membro da comissão dos funcionários que trabalham na obra, isso é inadmissível.
- Tivemos que juntar dinheiro para auxiliar um marceneiro. A esposa dele precisava de um tratamento urgente e, como ele não conseguiu tratamento na rede pública, tivemos que ajudar. É triste viver assim.
Falta de segurança
No último mês, um funcionário ficou ferido e teve que ser levado às pressas para o hospital municipal Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, após um acidente com um galão de combustível.
Segundo o diretor do Sindicato da Construção Pesada, Romildo Vieira da Silva, o homem que trabalhava como ajudante na obra ficou ferido ao cortar um galão que era utilizado para guardar combustível.
- O galão estava vazio e o certo é não reutilizar, mas o encarregado pediu para que o funcionário o cortasse ao meio. Quando ele estava fazendo isso o galão explodiu e ele ficou gravemente ferido. Não podemos trabalhar assim. Essa situação causou esse acidente, mas nas condições que trabalhamos pode acontecer até algo pior.
Os funcionários chegaram a ficar parados por cerca de dez dias, mas, após um acordo com o consócio responsável pela reforma do estádio, voltaram ao trabalho. Após não receberem o acertado no início do mês, voltaram a entrar em greve.
O Consórcio Maracanã Rio 2014 informou por meio de sua assessoria de imprensa que todos os itens acordados no dia 21 de agosto com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada Intermunicipal do Rio de Janeiro estão sendo cumpridos, sendo os principais: o aumento, a partir de 1º de setembro, do valor da cesta básica de R$ 110 para R$ 160, plano de saúde individual e  abono dos dias parados.
Segundo o consórcio, todos esses itens foram homologados durante audiência no Tribunal Regional do Trabalho, realizada no dia 22 de agosto. Uma audiência de conciliação está marcada para 5 de setembro, às 13h.
Da Redação com R7

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