Pouco antes de discursar na Assembleia Geral em NY, presidente da Autoridade Palestina entregou pasta com pedido formal de reconhecimento do novo estado
Mahmoud Abbas, em discurso na 66ª Assembleia Geral da ONU
(Mike Segar/Reuters)
Um ano atrás, nesta mesma sala, retomamos as negociações a fim de
alcançar um acordo de paz, com a mediação do presidente (dos EUA,
Barack) Obama. Entramos de coração aberto e orelhas atentas, mas os
esforços foram em vão. Semanas depois, a tentativa fracassou." Dessa
forma, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas,
iniciou seu discurso na 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas para
pedir oficialmente o reconhecimento do estado palestino. "Basta! É hora
de os palestinos finalmente terem sua liberdade. A hora da independência
chegou", declarou ele, que em vários momentos foi ovacionado por parte
da plateia formada por chefes de estado e representantes diplomáticos -
os Estados Unidos, por exemplo, que são contra a proposta, ouviram o
discurso sem se manifestar. Ainda assim, Abbas agradeceu a todos os
estados que apoiaram a proposta, inclusive o secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon. "O apoio de tantos países ao estado palestino e a sua
admissão na ONU é uma contribuição para a paz no mundo", disse.Entrevista: 'Estado palestino deve ser o fim, não o começo", diz porta-voz de Israel
Entenda o caso
- • Diante do fracasso do acordo de paz com Israel, a Autoridade Nacional Palestina decidiu propor à Assembleia Geral da ONU votação a favor da criação de um estado palestino nas fronteiras antes de 1967, tendo Jerusalém Oriental como capital.
- • As negociações de paz entre israelenses e palestinos chegaram a ensaiar um retorno, por intermédio dos Estados Unidos, que defendem que só é possível criar um estado palestino realmente significativo a partir da retomada do diálogo - empacado diante da recusa israelense de parar assentamentos judeus em territórios palestinos ocupados.
Além do estado independente, Abbas também pediu a libertação imediata dos palestinos presos pelo governo israelense e afirmou que seu povo sempre esteve determinado a negociar. Ele defende que o reconhecimento do novo estado deve acelerar o avanço no diálogo, enquanto Israel alega exatamente o contrário - que as negociações precisam ser retomadas antes de qualquer decisão ser tomada pela ONU. "Não podemos simplesmente seguir as negociações como se tudo estivesse bem, se os israelenses continuam com a ocupação em território palestino. É totalmente inaceitável", continuou Abbas. "Não vamos permitir que continuem rejeitando resoluções já tomadas e ignorando a posição da maioria dos países do mundo."
Ele culpa as autoridades israelenses de terem acabado com suas esperanças em relação a um acordo de paz, ao intensificarem a construção dos assentamentos no território do futuro estado palestino. Abbas também define como "brutalidade" a maneira como Israel tem tratado o povo palestino, confiscando sistematicamente as casas de milhares de pessoas que vivem na Cisjordânia e destruindo comunidades inteiras. Sobre o terrorismo, principal preocupação de Israel diante da possibilidade de criação imediata do estado palestino, Abbas afirmou que condena essas atividades criminosas "em todas as suas formas".
Há semanas, Abbas ensaiava formalizar a solicitação de criação do estado palestino. Pouco antes de tomar o microfone, entregou o pedido formal em uma pasta com o símbolo palestino na sala de reuniões do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que vai analisar o conteúdo. Abbas sugere a criação de um estado palestino e seu reconhecimento como membro da organização internacional, hoje com status de "entidade observadora" e sem direito a voto nas Nações Unidas. Mas as chances de isso acontecer são quase nulas. Afinados com os americanos, os israelenses dizem que a prioridade é dar continuidade às negociações bilaterais e diretas - mesmo que tenha tido poucos avanços até o momento e estejam travadas há quase um ano. Para eles, tal decisão deve ser alcançada na mesa do diálogo, mas só depois que as preocupações de Israel com a segurança do país sejam superadas.
O que está em jogo na votação para criar estado palestino
O que está em votação na ONU?
A criação de um estado palestino nas fronteiras anteriores a 1967: anexado aos territórios de Cisjordânia e Gaza, tendo Jerusalém Oriental como capital. A proposta busca o reconhecimento como membro da organização internacional - hoje com o status de “entidade observadora” e sem direito a voto nas Nações Unidas.
Abbas entregou pasta com a solicitação a Ban Ki-moon
Da Redação com Veja
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