sexta-feira

NA CONTRAMÃO: PMJP aposta em sistema de transporte poluente para João Pessoa

NA CONTRAMÃO: PMJP aposta em sistema de transporte poluente para JP 
Congestionamentos é rotina em JP (Ponto Crítico)
Ao lançar o "Projeto Caminho Livre", no dia 06 de julho, no auditório da Estação Ciência, Cultura e Artes, o prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, explicitou como os gestores públicos traçaram desordenadamente o crescimento da Capital. O plano de mobilidade não é nada mais que uma autocrítica aos anos de administração socialista, já que os investimentos no setor não passaram de maquiagem de ampliação de vias em trechos pontuais da cidade. O que aconteceu não passa de transferências de trechos de estrangulamento de tráfego.

O curto corredor da Avenida Pedro II e parte da Universidade Federal da Paraíba são os exemplos mais emblemáticos da falta de planejamento e tendência de investir em obras que não resolvem o problema de escoamento do tráfego, mas que se traduzem em pontos percentuais em pesquisas e votos em processos eleitorais. Passados alguns anos a população já percebe com claridade que o investimento na ampliação da Pedro II significou apenas uma transferência do problema, que era intenso na chegada da UFPB, para a entrada do conjunto dos bancários.

 A falta de planejamento foi ainda mais intensificada com a autorização da construção do supermercado Carrefour em um trecho já bastante estrangulado: além de se verificar um verdadeiro gargalo com a junção de uma pista de três vias com outra de duas, a atração por variedades de compras provocadas pelo Carrefour ampliou o problema. De acordo com o superintendente de transportes de João Pessoa, Nilton Pereira, a autorização da construção do Carrefour pela Prefeitura de João Pessoa é a prova da ausência ou ineficiência no planejamento da cidade.

Se dependesse de sua opinião, decisões como a que deu aval a efetivação da instalação de Carrefour na entrada do conjunto dos Bancários não aconteceriam. Da mesma forma Nilton Pereira critica a construção de conjuntos habitacionais como o Gervásio Maia. Para ele, a construção do conjunto habitacional redunda num investimento com gastos muito grandes (pavimentação, esgotamento e investimentos no setor de transportes) que se revelam excessivos. Além isola trabalhadores em áreas muito distantes do seu local de trabalho, forçando-os a gastos com transportes coletivos.

 O superintendente de transportes de João Pessoa argumenta que a visão do setor que planeja a cidade precisa entender que os espaços não edificados próximos ao centro, apesar de mais caros, podem representar menos gastos quando se leva em conta que a rede de esgotamento sanitária já existe, assim como toda a malha viária. Nilton acredita que a quantidade de casas construídas que deram origem ao Gervásio Maia poderia ser diluída em outras áreas favorecendo a solução de problemas como o verificado no setor de transportes.

Essas explicações remetem a uma desarticulação entre dois setores importante da Prefeitura Municipal de João Pessoa: o de Planejamento e o dos Transportes. Embora a Superintendência de Transportes esteja subordinada a secretaria de Planejamento da PMJP há um abismo muito superior aos cerca de mil metros que os separam na extensão da BR 230. O exemplo mais evidente de ausência de preocupação com o setor de transportes pode ser facilmente identificado quando observamos os currículos dos últimos superintendentes: revezaram-se no cargo, durante as administrações do PSB, Aracilba Rocha, Deusdete Queiroga, Laura Farias.


Nenhum dos últimos três responsáveis pela STTrans possui qualquer intimidade com o setor e ainda estavam subordinados a centralização de decisões do então prefeito Ricardo Coutinho. O resultado está sendo percebido pelos habitantes da cidade, sejam eles usuários do sistema de transportes coletivos, sejam os detentores de automóveis particulares: João Pessoa está travada, estrangulada em sua mobilidade.
Pouco mais de R$ 10 milhões, advindos de recursos próprios da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) está orçado para a obra que será realizada através da Secretaria de Planejamento/STTrans, prevendo início para segundo semestre de 2011 e expectativa de término em dezembro de 2012.

 Na entrevista sobre o trânsito de João Pessoa concedida aos alunos de Mídias Digitais da UFPB, Nilton Pereira reforçou que os maiores esforços estão voltados para as pessoas, priorizando a maior parte da população atual de Capital, que utiliza transporte público para locomoção, Os outros 20 por cento da população, usuária do automóvel, terão que se adaptar ou passar a andar nos transportes coletivos.

 As intervenções no trânsito de João Pessoa integram a primeira etapa de ações para concretização do projeto proposto pelo município ao Governo Federal como parte do PAC da Mobilidade Urbana. Como ocorre com outras cidades do país, Nilton Pereira espera ter aprovado o projeto apresentado ao Ministério dos Transportes e obter os recursos para a efetivação da solução do congestionado tráfego de João Pessoa.


ORIGEM DOS RECURSOS
Antes do lançamento oficial do Projeto "Caminho Livre" pelo prefeito Luciano Agra, o superintendente de transporte e trânsito, Nilton Pereira Andrade, apresentou, na manhã do dia 16 de junho, na Câmara de Vereadores da Capital o que acredita ser a solução para o problema da mobilidade urbana da Capital. A eloquência de sua apresentação, baseada na competência comprovada e intimidade com o setor, destoam do discurso entrecortado e muitas vezes sem segurança do proferido por Luciano Agra, em 06 de julho, e se fez mais compreensível. Nilton expôs a necessidade de um orçamento de quase R$ 200 milhões, dos quais R$ 137 milhões são advindos do Governo Federal pelo Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC), R$ 9,9 milhões de recursos próprios da Prefeitura e R$ 51,6 milhões de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

 Esses recursos serão usados para a construção de um terminal de integração metropolitano, no bairro do Varadouro, para atender as populações das cidades circunvizinhas. Também serão construídos mais três terminais de integração dentro da cidade: próximo ao Ginásio Ronaldão, no bairro do Cristo; nas Três Lagoas, no bairro do Oitizeiro; e outro no girador do bairro de Mangabeira. Nos dados do superintendente de transito de João Pessoa os terminais atenderão às populações que circulam pelas avenidas Epitácio Pessoa, Pedro II, 2 de Fevereiro e Cruz das Armas, cobrindo 84% dos bairros da cidade e 91% da população.


O princípio adotado pela STTrans, segundo Nilton Pereira é "não mais pensar em trânsito ou em congestionamento. É pensar em mobilidade. Adotar um sistema que possibilite as pessoas se deslocarem no dia a dia, dentro da cidade, de uma forma que não seja necessariamente pelo automóvel."


Entre essas obras estruturais, inclui-se também a construção de um viaduto entre os bairros Cristo Redentor e Geisel, faixas exclusivas para ônibus, estações de parada, duplicação de avenidas e melhoramento nas vias paralelas às principais. O objetivo prioritário do projeto é melhorar o sistema de transporte coletivo de massa, favorecendo o usuário do serviço, que segundo Nilton Pereira, representa 80% da população.


SISTEMA POLUENTE
O sistema de transporte de massa proposto pelo STTrans para ser utilizado na capital é chamado BRT (Bus Rapid Transit). Prevê a utilização de corredores exclusivos ou preferenciais para a circulação do transporte coletivo; embarques e desembarques rápidos através de plataformas elevadas no mesmo nível dos veículos; sistema de pré-pagamento de tarifa; veículos de alta capacidade, modernos e com tecnologias mais limpas; transferência entre rotas sem incidência de custo; integração modal em estações e terminais; programação e controles rigorosos da operação; sinalização e informação ao usuário.


Embora represente melhora acentuada em relação ao atual sistema que opera na  em João Pessoa, a adoção do BRT choca de frente com o pensamento de uma cidade que poderia manter-se com bons índices de poluição do ar e sonoro com a adoção do sistema VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Apesar de representar um custo de implementação mais acentuado, este sistema está mais afinado com as preocupações que dominam as discussões em foros de ambientalistas e fugiria das inconstâncias do abastecimento (em função das crises e guerras originadas nos chamados países grandes produtores de petróleo) e dos preços dos combustíveis fósseis. Nesse sentido, quando o assunto é planejar o futuro, o sistema proposto pela PMJP trafega na contramão.


A cidade de João Pessoa apresenta características bastante apropriadas para a implantação do VLT, a exemplo de sua topografia. Ruas planas, com poucas ladeiras de pequena inclinação facilita a projeção e implementação do transporte. Além do mais, a implantação do VLT facilitaria e imporia a abertura de concessão do transporte público da Capital, cujas renovações de licença de operação para 20 anos concretizada pelo ex-prefeito Cícero Lucena e endossada pelas gestões socialistas de Ricardo Coutinho e Luciano Agra, revelaram um comportamento promiscuo entre os setores público e privado e são alvo de desconfiança.


Outro detalhe a ser observado é que o investimento é totalmente público. Aos empresários do setor de transporte público caberia apenas a aquisição dos veículos articulados. Numa comparação simplista é como se governo construísse um shopping e o empresário entrasse apenas com os produtos a serem comercializados. A pergunta mais óbvia para este tipo de empreendimento resume-se a uma ação bastante decantada quando da construção do Terminal de Integração: a Parceria Público Privado.


Além do privilégio de manterem uma concessão pública para operar o sistema de transportes públicos da Capital por 20 anos o empresariado não moverá um só centavo de Real para usufruir das mudanças propostas pela PMJP. Não seria o caso de estabelecer cotas de participação em uma das áreas de serviço mais lucrativas do Brasil?

PRINCIPAIS PROPOSTAS
  • Detalhamento de ações do projeto exposto ao PAC- Mobilidade Urbana Grandes Cidades:


  • Centro da cidade: Novo terminal de integração do sistema urbano, metropolitano e ferroviário integrando linhas urbanas e intermunicipais que atualmente operam com integração temporal. Construído ao lado do Terminal Rodoviário, Varadouro.


  • Corredor Cruz das Armas: Implantação do BRT, construção de terminal de integração, duplicação da avenida do bairro do Oitizeiro gerando pista dupla com canteiro central e construção de estações de parada de ônibus com faixa exclusiva junto a esse canteiro por toda avenida, vias paralelas ficando para a circulação mista de veículos, estando a avenida principal com apenas uma via em cada sentido.


  • Corredor Pedro II: Implantação do BRT, construção de terminal de integração, de parada de ônibus e faixa exclusiva ao longo das avenidas Rodrigues Alves, Sérgio Guerra e Walfredo M. Brandão, ficando vias paralelas para circulação mista de veículos, a avenida principal com apenas uma via em cada sentido.


  • Corredor Epitácio Pessoa: Implantação de faixa exclusiva e prioritária para transporte público junto ao canteiro central e construção de parada de ônibus junto ao mesmo deixando duas faixas para tráfego misto.

 
  • Corredor 2 de Fevereiro: Construção de viaduto na junção da BR-230 com a rua Waldemar Naziazeno, interligando Cristo Redentor ao Ernesto Geisel e construção de terminal de integração.


Detalhamento  do projeto 'Caminho Livre':
  • Centro: Diminuição do fluxo de veículos que escoam para a Lagoa, melhoria da circulação na área central, destinação do arco interno da Lagoa apenas para passagem de ônibus, o anel externo terá 3 faixas para tráfego, 45 áreas receberão disciplinamento da oferta de estacionamento, haverá ampliação do espaços para pedestres e melhoria da qualidade ambiental da área. As vias que sofrerão alterações na área central são: Avenida Monsenhor Walfredo Leal, Pedro I, Almirante Barroso, Desembargador Souto Maior, Rua Santo Elias, Rua Barão do Abiai, Avenida Duque de Caxias, Visconde de Pelotas, anel externo da Lagoa e Pedro II.


  • Avenida Epitácio Pessoa-ampliação: Diminuição dos congestionamentos com o aumento da capacidade da via para melhor circulação dos veículos e redução de tempo nos deslocamentos do transporte público. Ao longo da via ocorrerá intervenções em diversos cruzamentos para dá fluidez ao tráfego. No encontro da Avenida Rui Carneiro com a Epitácio Pessoa, até a Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, passará três faixas.

 
  • Avenida José Américo de Almeida (Beira Rio)-ampliação: Alargamento da avenida para circulação dos veículos e melhor condições de circulação dos pedestres, a Avenida Duarte da Silveira (a partir da Igreja Batista até a Avenida Rui Barbosa) passará a ter três faixas, aumentando em 50% a capacidade da via.


  • Castelo Branco: Implantação de binário para redução de congestionamento e tempo de viagem do transporte público. A Avenida desse bairro sentido Miramar/UFPB passará a ser mão única e a via de retorno sentido UFPB/Miramar será pela Rua Matos Cardoso.


  • Bancários: Implantação de faixa exclusiva para o transporte público na principal desse bairro, melhoria das condições de circulação nas vias paralelas, criação de vias alternativas para o condutor trafegar pelo conjunto sem precisar utilizar a via principal.


  • Altiplano: A duplicação da Avenida João Cyrillo da Silva se estenderá da Avenida Beira Rio até as proximidades da Avenida Antônio Mariz, aumentando segurança e facilitando o acesso ao Altiplano, Cabo Branco e Bairros Adjacentes.
  • Da Redação com Click PB

Nenhum comentário:

Postar um comentário