EXTRA: Você teme ser morto pelas mesmas pessoas que mataram a juíza Patrícia Acioli?
Marcelo Poubel: Estou correndo risco de vida. Minha vida está um nó, está toda destruída. Estou vendo fantasma na rua, preciso tomar remédio para dormir. Sabe quando sua vida se transforma? Um dia você está feliz com uma pessoa e, de repente, ligam com uma notícia trágica que te destroça. Perdi minha mãe há alguns dias, mas a Patrícia era mais que minha mãe, que minha irmã. Era meu coração, minha cabeça e minha mente. Minha vida acabou.
EXTRA: O que mudou na sua rotina depois do crime?
Poubel: Estava fazendo tratamento com psiquiatras desde 2006. Ela (Patrícia) era sempre quem me acompanhava. Estou licenciado da PM, tomando remédios. Agora, desde que o fato aconteceu, não durmo mais. Já dormi dentro do mato, já dormi em cima de laje, em carro estacionado nas ruas. Se passa uma moto perto de mim, já penso que é algo. Passa um carro e penso o mesmo. Se tiver uma operação policial, prefiro parar e dar a volta, eu não confio em ninguém.
EXTRA: Em 2006, você e a juíza receberam ameaças de morte por telefone. Como vocês conviviam com isso?
Poubel: Com relação às ameaças, só tomei bordoadas. Foram ameaças por telefone, por carta, havia muitas ameaças, entendeu? E ela (Patrícia) fazia a parte dela, corria atrás para se resguardar ao máximo. Aí, o inesperado aconteceu. A vida foi uma grande peça. Eu não entendo o motivo de ter tanto marginal solto, entendeu? Eram presos, mas depois ficavam soltos.
EXTRA: Mas como a juíza se resguardava? Tomou alguma precaução quando ficou sem seguranças?
Poubel: A gente fazia a nossa parte. Ela (juíza) não tinha vida social. Era do trabalho para casa e da casa para o trabalho. Só vivia para a família. Era o símbolo de que, de repente, a impunidade não existiria. Precaução, tomava sempre. Mesmo após eu ter saído do trabalho (segurança da juíza), a gente sempre dava um jeito de ir embora em comboio. Todos iam juntos. Quem fez isso com ela é um desgraçado, ele destroçou a vida de todo mundo. Desgraçou a vida de quem acreditava na Justiça.
EXTRA: Você acredita que a polícia vai solucionar o crime?
Poubel: Há muitas pessoas competentes no caso. Se não houver uma resposta, encontrando quem fez isso, será o fim do mundo. Não vou deixar de acreditar na Justiça. Só que um pouco da cidadania de quem mora em São Gonçalo e Niterói foi enterrada junto com a juíza Patrícia Acioli.
EXTRA: Como vocês começaram o relacionamento?
Poubel: Trabalhava no Serviço Reservado do 7 BPM (Alcântara), era fã dela. Comecei a me relacionar com ela em 2004, embora já a conhecesse.
EXTRA: Quando vocês se falaram pela última vez?
Poubel: Foi no mesmo dia em que aconteceu a situação (o crime). Falei que estava muito triste, e ela me perguntou o motivo. Falei algo espiritual. Ela me perguntou se bastava para mim, eu disse que bastava. Ela me abraçou e me beijou e disse: "Deixa eu ir que tenho de cuidar de um júri".
EXTRA: Do que a Patrícia mais gostava?
Poubel: Patrícia era fã de várias pessoas, de várias autoridades que foram ameaçadas e que encararam a milícia, ou que eram a voz dos cidadãos. Espero que essas pessoas sejam agora a voz dela. Ela é um anjo. Se eu amanhã tiver um relacionamento, queria que Deus me desse um privilégio, que ela venha como minha filha, para que eu possa protegê-la, porque o que eu mais lamento hoje é o fato de ela ter ido e eu ter ficado aqui. Fui apaixonado por ela. Eu trocaria de lugar com ela agora.
Da Redação com EXTRA
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