terça-feira

Morte de cinegrafista: Perícia feita sem projétil

Rio - Embora o projétil que matou o repórter cinematográfico Gelson Domingos da Silva, de 46 anos, tenha sido transfixante e a bala não tenha sido recolhida, pelo ferimento é possível saber que tipo de arma o matou. Segundo a legista Virgínia Dias, uma bala de fuzil percorre de 600 a 900 metros por segundo.
Foto: Reprodução
Imagens da TV Record mostram o cinegrafista logo após ser atingido (a esquerda) e os PMs tentando socorrê-lo durante o tiroteio em Antares | Foto: Reprodução
“É um tiro que deixa característica própria. Pela energia que libera, o projétil provoca lesões específicas. Foi o que vi no corpo do Gelson”, explicou.
A entrada da bala tinha raio de oito milímetros e a saída, mais que três centímetros. “O ferimento de entrada era pequeno, por isso é importante examinar as roupas e o colete para saber por onde o tiro entrou”.
Imagens são fundamentais
Mais dois suspeitos de participação no tiroteio que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Gelson Domingos da Silva, 46 anos, foram presos ontem nas imediações da Favela de Antares, em Santa Cruz, Zona Oeste. Marcos da Silva Cruz, o Lango-Lango, 22, e Clayton da Silva Inácio, 20, seriam traficantes e foram presos no beco onde a vítima acabou atingida. Com eles, foram encontradas pistola, maconha e moto.
A Divisão de Homicídios (DH) pediu à perícia para tentar melhorar as últimas imagens gravadas por Gelson, consideradas fundamentais para a identificação do assassino. “O autor do disparo pode ser um dos presos, um dos mortos ou outro bandido da comunidade”, esclareceu o delegado Felipe Ettore, da DH.
O laudo cadavérico aponta que Gelson morreu de hemorragia interna, causada por tiro compatível ao de fuzil — que pode ser 762 — que o atingiu no peito de cima para baixo, da esquerda para a direita. O disparo transfixante destruiu o pulmão direito e fraturou duas costelas na saída.
Legista do IML e professora universitária de Medicina Legal, Virgínia Dias, responsável pelo laudo, disse que não recebeu as vestes e o colete que Gelson usava, o que a impediu de fazer um exame mais conclusivo. O material foi entregue à família, e ontem à noite o advogado Nélio Andrade levou o colete à DH.
Filha desiste do jornalismo
Foto: Arquivo pessoal
Gelson morreu ao ser baleado durante confronto entre traficantes e policiais | Foto: Arquivo pessoal
Cerca de 200 pessoas acompanharam o enterro do cinegrafista, nesta segunda-feira, no Memorial do Carmo, no Caju. A filha Lorena Lima falou do jeito brincalhão do pai e disse que, após a morte dele, desistiu de seguir a profissão de jornalista.
Comandante-geral da PM, o coronel Erir Costa Filho afirmou que vai se reunir com sindicatos de jornalistas e cinegrafistas para discutir a cobertura jornalística em operações. E disse que vai colocar em prática curso com orientações para atuação em áreas de conflito.
Veterano com entusiasmo de iniciante
Parentes, amigos e colegas de profissão lotaram a capela onde o corpo de Gelson Domingos foi velado e fizeram uma oração em homenagem ao cinegrafista.
“Ele era um trabalhador honesto, que amava o que fazia. Eu peço que melhorem os equipamentos para que outras famílias não sintam a dor que estamos sentindo”, disse Ricardo Domingos, irmão da vítima.
O repórter Ernani Alves, que estava com Gelson na operação, disse que ele sempre teve o entusiasmo e a alegria de um iniciante, mesmo com 20 anos de trabalho.
O coordenador de Comunicação da PM, Frederico Caldas, participou da cerimônia e disse que a operação foi bem planejada, mas houve uma fatalidade.
Veja as imagens do cinegrafista antes de morrer:

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